Hoje o blog ComLiderança está acompanhado! Bruno Carramenha, Gerente de
Comunicação Interna na Unilever e Professor na graduação de Relações Públicas
da FAAP, divide um pouco de seu conhecimento e experiência com a gente.
Bruno nos
mostra uma perspectiva onde a comunicação interna não se limita as baias de um
departamento e se mostra como competência determinante para qualquer gestor
engajar seus liderados com eficácia.
Aliando a
teoria à prática daquele jeito todo particular e didático que os
professores/gestores sabem fazer, o Relações Públicas nos traz ainda um
pouquinho sobre os desafios e oportunidades que são consequência desta
perspectiva ainda inovadora, mas promissora.
Vamos lá!
1. Qual é a fronteira entre os assuntos que devem ser cascateados pela
liderança e aqueles que devem ser abordados por veículos de comunicação? Quais
são as vantagens e desvantagens em cada um desses casos?
Normalmente
começa-se um trabalho de Comunicação estruturando veículos. No entanto, apesar
de importantes, eles correspondem à menor parte de uma estratégia efetiva. Para
mim, comunicação interna é uma competência de gestão, e não deve ser encarada
como uma área ou departamento. Por isso, seu sucesso também depende fortemente
da alta liderança e diz respeito a todas as pessoas da empresa, afinal a
percepção que o funcionário forma sobre a empresa tem muito mais a ver com
aquilo que ele vivencia no seu dia a dia do que com aquilo que é formalmente
comunicado por um ou outro canal. Estudos mostram que as mudanças dentro das
organizações acontecem quando há consistência entre o que liderança fala e faz
e com a experiência prática dos funcionários sobre os acontecimentos e suas
consequências.
Sobre as
vantagens e desvantagens, tem um dado levantado por J. T.Larkin que responde
exatamente essa pergunta: pessoas se lembram nove vezes mais daquilo que é dito
pelo chefe do que aquilo que é dito por meio de veículos impressos. Por outro
lado, veículos formalizam e “institucionalizam” os conteúdos da comunicação e os
disponibilizam de forma unificada a um grande número de pessoas. São essenciais
para tornar uma mensagem comum e disponível, e registram a história de uma
organização. Portanto, comunicação de liderança e gestão de veículos devem ser
geridas paralelamente, complementarmente.
2. Quais são as principais oportunidades e dificuldades na relação
líder-liderados. Como a comunicação interna pode interferir nesse processo?
Ninguém é
mais influente que o líder. Ele é a fonte preferida de informação dos
funcionários, ele é quem dá o “tom” das mensagens, diminuindo as sombras e os
medos que possam existir. Ele controla o fluxo de informação, cria (ou não)
diálogo e é o centro da mudança, da qualidade, da eficiência e da inovação. De
uma maneira geral, seria difícil identificar algum aspecto do trabalho do líder
que não envolva a comunicação. Ela está presente naturalmente no dia a dia do
negócio, mas como as relações de trabalho estão mais complexas, ganha mais
importância.
Quando a
liderança conta uma história, ela tem que ser crível. Quando o líder aponta uma
direção, tem que ser clara. E quando o líder toma uma decisão, ela tem que
estar alinhada com o que ele prega. Só parece fácil, mas na realidade não é.
Por isso, pode-se afirmar que o principal produto da eficácia da comunicação da
alta liderança é a credibilidade gerada.
Para
desenvolver um bom trabalho de comunicação de liderança, é preciso entender que
ela se dá sob dois aspectos: o que a empresa oferece ao líder de informação e
como ele irá se comprometer em reforçar esse discurso. O fato é que somente
depois do funcionário entender bem suas responsabilidades, ter feedback sobre o
seu desempenho e saber que ele tem apoio e o trabalho dele é importante – ou
seja, assuntos basicamente que podem ser endereçados pelo chefe imediato – que
ele começa a prestar atenção em questões mais amplas, como a performance da
unidade em que ele trabalha, como o trabalho dele contribui para a visão, a
missão ou os valores da empresa e como ele vê o trabalho dele dentro da
importância de todo o grupo para a empresa ser mais produtiva. Se a primeira
parte dessa conversa não estiver clara, não há conteúdo corporativo que dê
conta de engajar o funcionário.
Ter uma
comunicação excelente significa mais do que enviar e-mails ocasionais ou
participar de aberturas de eventos com funcionários, e sim vivenciar o dia a
dia da empresa, visitar as pessoas em seus locais de trabalho, provocar
conversas nos corredores, demonstrar entendimento e ouvir a opinião dos
funcionários sobre aquilo que os atinge e atinge a empresa, apenas para citar e
reforçar algumas oportunidades.
3. Você concilia papéis diferentes dentro de seu escopo: como Gerente é,
ao mesmo tempo, líder e liderado, e como Gerente de Comunicação Interna é um
dos principais responsáveis por elaborar as estratégias de comunicação de
liderança da companhia. Como esses papéis complementam-se e/ou conflitam-se?
De certa
forma, me considero um privilegiado por isso e, ao mesmo tempo, com um grande
desafio em mãos. Para que não haja uma dúvida eterna nesse assunto e para a
decisão ter agilidade, é conveniente que a empresa deixe claro os papéis e
responsabilidades do profissional de comunicação e da liderança. Não acredito
que haja uma fórmula única de sucesso. O desenho dos papéis de cada um deve ser
feito com base nas prioridades e na estratégia da empresa. O importante é
deixar claro o que se espera de cada grupo, para que se ajudem e se
complementem numa tarefa que não tem que ser pontual, mas perene.
4. Atualmente, quais técnicas são mais utilizadas para estimular a
comunicação entre o líder e a equipe? Como essas técnicas estão sendo
trabalhadas na Unilever?
Nossa
estratégia de comunicação prevê que cada funcionários demonstre a nossa crença
na necessidade de crescimento sustentável. Isso só será possível por meio do
exemplo, que vem da liderança. Queremos criar uma cultura de alta performance
baseada em objetivos compartilhados e, para isso, é fundamental despertar o
compromisso de engajamento dos funcionários. Os líderes são constantemente
estimulados a manter esforços consistentes para engajar nossos funcionários nas
metas de negócio e no nosso plano de sustentabilidade. Para que isso aconteça,
uma forte parceria entre RH e Comunicação é fundamental. Usamos ferramentas de
ambas as áreas que nos levarão ao sucesso.
Agradecemos a gentil participação de Bruno e esperamos que nossos leitores possam ter aproveitado tanto quanto nós!
Agradecemos a gentil participação de Bruno e esperamos que nossos leitores possam ter aproveitado tanto quanto nós!