quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Bate-Papo com o Líder


Hoje o blog ComLiderança está acompanhado! Bruno Carramenha, Gerente de Comunicação Interna na Unilever e Professor na graduação de Relações Públicas da FAAP, divide um pouco de seu conhecimento e experiência com a gente.
Bruno nos mostra uma perspectiva onde a comunicação interna não se limita as baias de um departamento e se mostra como competência determinante para qualquer gestor engajar seus liderados com eficácia.
Aliando a teoria à prática daquele jeito todo particular e didático que os professores/gestores sabem fazer, o Relações Públicas nos traz ainda um pouquinho sobre os desafios e oportunidades que são consequência desta perspectiva ainda inovadora, mas promissora.
Vamos lá!

1. Qual é a fronteira entre os assuntos que devem ser cascateados pela liderança e aqueles que devem ser abordados por veículos de comunicação? Quais são as vantagens e desvantagens em cada um desses casos?

Normalmente começa-se um trabalho de Comunicação estruturando veículos. No entanto, apesar de importantes, eles correspondem à menor parte de uma estratégia efetiva. Para mim, comunicação interna é uma competência de gestão, e não deve ser encarada como uma área ou departamento. Por isso, seu sucesso também depende fortemente da alta liderança e diz respeito a todas as pessoas da empresa, afinal a percepção que o funcionário forma sobre a empresa tem muito mais a ver com aquilo que ele vivencia no seu dia a dia do que com aquilo que é formalmente comunicado por um ou outro canal. Estudos mostram que as mudanças dentro das organizações acontecem quando há consistência entre o que liderança fala e faz e com a experiência prática dos funcionários sobre os acontecimentos e suas consequências.

Sobre as vantagens e desvantagens, tem um dado levantado por J. T.Larkin que responde exatamente essa pergunta: pessoas se lembram nove vezes mais daquilo que é dito pelo chefe do que aquilo que é dito por meio de veículos impressos. Por outro lado, veículos formalizam e “institucionalizam” os conteúdos da comunicação e os disponibilizam de forma unificada a um grande número de pessoas. São essenciais para tornar uma mensagem comum e disponível, e registram a história de uma organização. Portanto, comunicação de liderança e gestão de veículos devem ser geridas paralelamente, complementarmente.

2. Quais são as principais oportunidades e dificuldades na relação líder-liderados. Como a comunicação interna pode interferir nesse processo?

Ninguém é mais influente que o líder. Ele é a fonte preferida de informação dos funcionários, ele é quem dá o “tom” das mensagens, diminuindo as sombras e os medos que possam existir. Ele controla o fluxo de informação, cria (ou não) diálogo e é o centro da mudança, da qualidade, da eficiência e da inovação. De uma maneira geral, seria difícil identificar algum aspecto do trabalho do líder que não envolva a comunicação. Ela está presente naturalmente no dia a dia do negócio, mas como as relações de trabalho estão mais complexas, ganha mais importância.

Quando a liderança conta uma história, ela tem que ser crível. Quando o líder aponta uma direção, tem que ser clara. E quando o líder toma uma decisão, ela tem que estar alinhada com o que ele prega. Só parece fácil, mas na realidade não é. Por isso, pode-se afirmar que o principal produto da eficácia da comunicação da alta liderança é a credibilidade gerada.

Para desenvolver um bom trabalho de comunicação de liderança, é preciso entender que ela se dá sob dois aspectos: o que a empresa oferece ao líder de informação e como ele irá se comprometer em reforçar esse discurso. O fato é que somente depois do funcionário entender bem suas responsabilidades, ter feedback sobre o seu desempenho e saber que ele tem apoio e o trabalho dele é importante – ou seja, assuntos basicamente que podem ser endereçados pelo chefe imediato – que ele começa a prestar atenção em questões mais amplas, como a performance da unidade em que ele trabalha, como o trabalho dele contribui para a visão, a missão ou os valores da empresa e como ele vê o trabalho dele dentro da importância de todo o grupo para a empresa ser mais produtiva. Se a primeira parte dessa conversa não estiver clara, não há conteúdo corporativo que dê conta de engajar o funcionário.

Ter uma comunicação excelente significa mais do que enviar e-mails ocasionais ou participar de aberturas de eventos com funcionários, e sim vivenciar o dia a dia da empresa, visitar as pessoas em seus locais de trabalho, provocar conversas nos corredores, demonstrar entendimento e ouvir a opinião dos funcionários sobre aquilo que os atinge e atinge a empresa, apenas para citar e reforçar algumas oportunidades.

3. Você concilia papéis diferentes dentro de seu escopo: como Gerente é, ao mesmo tempo, líder e liderado, e como Gerente de Comunicação Interna é um dos principais responsáveis por elaborar as estratégias de comunicação de liderança da companhia. Como esses papéis complementam-se e/ou conflitam-se?

De certa forma, me considero um privilegiado por isso e, ao mesmo tempo, com um grande desafio em mãos. Para que não haja uma dúvida eterna nesse assunto e para a decisão ter agilidade, é conveniente que a empresa deixe claro os papéis e responsabilidades do profissional de comunicação e da liderança. Não acredito que haja uma fórmula única de sucesso. O desenho dos papéis de cada um deve ser feito com base nas prioridades e na estratégia da empresa. O importante é deixar claro o que se espera de cada grupo, para que se ajudem e se complementem numa tarefa que não tem que ser pontual, mas perene.

4. Atualmente, quais técnicas são mais utilizadas para estimular a comunicação entre o líder e a equipe? Como essas técnicas estão sendo trabalhadas na Unilever?

Nossa estratégia de comunicação prevê que cada funcionários demonstre a nossa crença na necessidade de crescimento sustentável. Isso só será possível por meio do exemplo, que vem da liderança. Queremos criar uma cultura de alta performance baseada em objetivos compartilhados e, para isso, é fundamental despertar o compromisso de engajamento dos funcionários. Os líderes são constantemente estimulados a manter esforços consistentes para engajar nossos funcionários nas metas de negócio e no nosso plano de sustentabilidade. Para que isso aconteça, uma forte parceria entre RH e Comunicação é fundamental. Usamos ferramentas de ambas as áreas que nos levarão ao sucesso.

Agradecemos a gentil participação de Bruno e esperamos que nossos leitores possam ter aproveitado tanto quanto nós!

Nenhum comentário:

Postar um comentário