domingo, 1 de abril de 2012

Que tal, como estou?


Já dizia Maslow que o desejo por reconhecimento é inerente ao homem. Toda criança que passa no mínimo 30 minutos com um giz de cera sobre uma folha de papel jamais jogará sua arte fora após terminá-la. Ela carrega o feito consigo até poder exibi-lo para uma figura de liderança – não basta ser o coleguinha – tem que ser alguém que tenha mais experiência em desenhar do que ela própria, o irmão mais velho até pode satisfazer, mas ela anseia mesmo é pela figura do pai ou professor abaixando-se até a altura de seus olhos, segurando o desenho com as duas mãos, parabenizando por aquele feito e a desafiando para um próximo.

Ansiamos por feedbacks antes mesmo de saber o que eles significam. A tendência é esse desejo acentuar-se ao longo dos anos, pois passamos a depender dele não apenas pelo reconhecimento. Na vida profissional, saber do líder como estamos indo, torna-se indispensável para nosso planejamento, autocorreção, motivação e consequentemente produtividade. 

A maturidade nos rouba parte da sinceridade, mas, se pudéssemos, exigiríamos como quando fazíamos com um rabisco na mão: “Ei líder, pare o que está fazendo, olhe para mim, elogie o que está certo, diga o que está errado, me ensine como melhorar, faça com que eu sinta que estamos juntos nisso, me desafie a um trabalho maior e, principalmente, faça tudo isso olhando nos meus olhos e falando uma linguagem que eu entenda”.

No contexto corporativo, conceitos tão simples adquirem os mais variados termos: feedback, empowerment, engajamento, delegação, harmonização de interesses, adequação da linguagem, enfim, nada mais são do que adaptações trazidas pela vida adulta para uma necessidade que nasce conosco. As Relações Públicas, tendo como objeto de estudo o relacionamento entre os públicos, nos capacita a atuar na maioria dessas esferas. Quando se diz respeito a feedback é importante lembrar da relevância do RH e consequentemente da psicologia ou administração liderando esse processo, mas, sem dúvida, as formas mais adequadas desse feedback chegar aos mais diferenciados públicos tangenciam as competências de CI.

Nesse sentido, cabe às organizações unir seus esforços e áreas competentes para adaptar-se a tais exigências e necessidades. Recentemente, fui impactada em diversos níveis por um processo vertical de divulgação de resultados em uma grande empresa de bens de consumo. Tratava-se de uma comunicação, na qual o CEO da companhia abordava de maneira simples e direta, temas como resultados individuais dos times, desafios superados e metas futuras. Vários cuidados foram tomados para alcançar os ótimos resultados conquistados. Já que não era possível, colocar o CEO para olhar nos olhos de milhares de funcionários, tal como um pai, a solução foi abandonar a impessoalidade do e-mail corporativo e eleger um vídeo como o canal do comunicado. Conforme revela a mensuração da ação, ela foi bastante efetiva ao parabenizar os funcionários pelos resultados alcançados ao mesmo tempo em que os engajava a buscar mais efetividade para o próximo trimestre. De forma sucinta – 6 minutos – o gestor pôde descrever o caminho que a empresa estava tomando, demonstrar que se tratava de um caminho seguro, agradecer pela responsabilidade que todos tiveram nesse processo e assim, orientar os funcionários a continuarem e/ou melhorarem esse ritmo de produtividade.



*Depoimentos reais retirados da mensuração da ação




Mesmo pequenos detalhes como o esforço de causar identificação entre a figura do líder e dos funcionários foram notados. Não só a linguagem colaborou nesse sentido, mas a proximidade possibilitada pelo veículo escolhido também.


 Dessa maneira, esse case atingiu com êxito seu objetivo macro: gerar em grande parte dos impactados a “dor de dono”, ou sua variação, “orgulho de dono”, uma das premissas da organização.




Acrescenta-se que comunicações como essa, não trazem apenas os benefícios já citados como também contribuem para um sentimento de familiaridade, pertencimento, transparência e confiança. Vantagens essas das quais a comunicação interna pode valer-se em muitas outras ocasiões. Isto é, comunicar e comemorar bons resultados cria condições favoráveis para divulgar também os resultados desfavoráveis quando isso for necessário. Afinal, nem sempre nosso desenho fica bonito... E lá vem o pai precisar fazer um papel chato. Mas isto já é assunto para um próximo post!

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